Arrotar postas de pescada

 Arrotar postas de pescada

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Quando alguém se quer fazer passar por importante, gabando-se de uma coisa que não possui ou vangloriando-se de uma falsa riqueza, dizemos que essa pessoa está a “arrotar postas de pescada”. Na prática, tal indivíduo pode ser designado de gabarolas, de convencido ou ainda de mentiroso, devido à circunstância de querer fazer-se passar pelo que não é.

O que tem a pescada a ver com essas pessoas?

A pescada era, antigamente, apenas consumida pelas camadas da população com um certo poder económico. O povo comia carapau, sardinha ou mesmo bacalhau.

Por só aparecer na mesa dos ricos, considerando o seu preço elevado, os mais pobres só podiam cheirar o seu hálito ou aperceber no seu arroto o odor deste peixe. Daí que quem arrotasse postas de pescada era, supostamente, alguém rico e importante, embora saibamos que não se deve dar arrotos à mesa. Imagine-se ao pé de alguém que está a expelir, pela boca, gases com cheiro a pimentos ou a cebolas. Além de inconveniente, será bastante desagradável!

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Assim, quando alguém de classe mais humilde se queria fazer passar pelo que não era, o povo, ironicamente, dizia que estava a arrotar algo que decerto não tinha comido: postas de pescada.

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Se recorrermos ao Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves, a expressão “arrotar postas de pescada” diz respeito a “quem se jactancia, se gaba da sua importância ou riqueza”. Aludindo à origem desta expressão, o mesmo dicionário regista que, no foral de Lisboa (de 1500), se assinala: “O conduto dos pescadores de Lisboa é este: a cada um, uma pescada se a trouxerem; e, se trouxerem gorazes, a cada um, quatro; e se cachuchos ou cavalas, a cada um, seis…” Por conseguinte, parece que “a pescada era o peixe mais valioso”.

(Direitos reservados)

Por sua vez, o Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes, da autoria de Emanuel de Moura Correia e de Persília de Melim Teixeira, não menciona nada sobre a origem desta expressão, a qual significa “alardear; bazofiar; jactar-se de abundância; ter bazófia; gabar-se de uma coisa que não se possui; impor-se como rico; vangloriar-se; gabar-se; exibir grandeza (sem motivo)”.

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27/04/2023

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Vítor Duque Cunha

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