Balanços de 2025: as televisões

 Balanços de 2025: as televisões

(Créditos de imagem: cottonbro studio – pexels.com)

Ao mesmo ritmo a que mirram jornalistas em progressão aritmética, brotam comentadores em progressão geométrica. Aos primeiros vão sendo retirados os meios e a liberdade de acção para informar, trocando-lhes isso pela pressa e pelo sensacionalismo, sem confirmação responsável de fontes. E aos segundos estendem-se prebendas na directa proporção de serem co-repetidores do essencial de cada cartilha determinada para cada assunto e em cada momento. Na política, no desporto, no que seja. Quase sempre, tudo sem contraditório real, só “nuances” da mesma opinião. Pelo meio fica muita publicidade comercial.

A ficção prossegue em rampa inclinada para o fosso da estupidificação e do decaimento de qualidade técnica da realização, orlando a fossa séptica com minúsculos programas de qualidade, mas maioritariamente elitistas ou a desoras.

(Créditos de imagem: Photography Maghradze PH – pexels.com)

Se recuarmos 30 a 35 anos, a realidade era muito diferente: para melhor. Se projectarmos apenas os próximos três ou cinco anos, tudo indica que ainda será mais acentuada esta queda no abismo. Voltámos ao preto e branco dos conteúdos, sendo a cor um mero efeito óptico. Tudo isto não chega a ser muito mau porque é mais do que péssimo. Por mim, de prenda, só mesmo um paralelepípedo com força contra os ecrãs. É o que mentalmente já fiz. Está quase sempre desligado o aparelho.

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22/12/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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