Das pedras aos minerais: séculos XVII e XVIII

Rubi e safira. (gemanativa.com)

Em começos do século XVII, ainda se acreditava que as gemas como o diamante, o rubi, a safira, as ágatas, entre outras, consideradas os produtos mais preciosos da Natureza, repletas de virtudes, nasciam, à semelhança do ouro, por acção dos céus e das estrelas.
Em 1618, o médico e alquimista alemão Michael Maier (1568-1622) escrevia: “[…] como o coral cresce sob as águas do mar e endurece, assim se forma a pedra”.
Mineralogista, químico e metalúrgico sueco, Axel Fredrik Cronstedt (1722-1765) afirmou-se como um proeminente perito em mineração e um dos fundadores da moderna Mineralogia.

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Na análise laboratorial de metais e de minerais, foi o primeiro a usar sistematicamente o maçarico de sopro, instrumento fundamental na análise pirognóstica (do grego “pyr”, fogo, e de “gnosis”, conhecimento), cujo uso se manteve até à introdução, no século XX, de novas tecnologias químicas e físicas de análise.
Cronstedt foi o primeiro a propor uma classificação em que as propriedades químicas foram tomadas em primeiro lugar, seguindo-se, depois, as propriedades físicas.
A sua proposta de classificação de minerais e de rochas (ainda considerados em conjunto), com base em dados químicos obtidos através do uso do maçarico de sopro, publicada em 1758, conhecida por “Sistema de Cronstedt”, pôs finalmente termo à influência alquimista.

O Sistema de Cronstedt compreende ainda as classes:
- terras, incluindo as subclasses calcareae, silicae, granatinae, argilacae, micaceae, fluores, asbestina, zeolítica e magnésia;
- sais, incluindo as subclasses ácida e alcalina;
- minerais com flogisto, não está subdividida;
- metais, inclui metalla perfecta e semimetalla.

Esta, então, novíssima classificação, baseada nos chamados “princípios constituintes” (nome que, nesse tempo, se dava aos elementos químicos) possíveis de reconhecer na época, está ainda longe de permitir conhecer a verdadeira natureza dos respectivos minerais e rochas e, assim, compreender-lhes o significado geológico.
Para além da sua monumental contribuição para a sistemática biológica, o naturalista sueco Carlos Lineu (1707-1778), abordou a mesma atitude face ao mundo não vivo.
No seu “Natursystem des Mineralreichs” (“Sistema de Mineralogia”), editado em 1770, que não fez vencimento, Lineu tentou, sem êxito, adaptar aos minerais e às rochas os seus critérios que tão bem se têm mantido na sistemática e na nomenclatura biológicas.

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Na convicção de que a investigação em química era fundamental para o conhecimento dos minerais, o seu conterrâneo Johan Gottschalk Wallerius (1709-1785), médico, químico e mineralogista, criou, em Uppsala, durante o seu tempo como professor, o primeiro laboratório de Química, ainda conservado como relíquia.
Torbern Olof Bergman (1735-1784) foi um químico e físico considerado pioneiro da análise química inorgânica quantitativa e um dos fundadores da Mineralogia Química, com obra notável para o desenvolvimento da Mineralogia e da Geologia.
O Sistema de Bergman, proposto em 1782, considerava nove classes:

- ares,
- águas,
- enxofre,
- substâncias metálicas,
- ácidos,
- alcalis,
- terras,
- sais neutros e
- fósseis.
Ressalve-se que, nesta época, “fóssil” era todo o material (com excepção do orgânico) que se desenterrava ou extraía de dentro da terra (do Latim: fossile, desenterrado), o que abrangia não só os minerais e as rochas, como também os “petrificados” (nome que se dava aos fósseis, no sentido que hoje damos ao termo) e os achados arqueológicos.
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NOTA:
Segundo o químico alemão Georg Ernst Stahl (1659-1734), os corpos combustíveis possuiriam uma matéria chamada “flogisto”, libertada durante os processos de combustão (material orgânico) ou de calcinação (metais). “Flogisto” vem do Grego e significa “inflamável”, “passado pela chama” ou “queimado”.
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10/04/2025