Das penas de ganso às esferográficas

 Das penas de ganso às esferográficas

(Créditos fotográficos: Santi Vedrí – Unsplash)

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Usada com marco divisório entre a Pré-história e a História, a escrita é um conjunto de símbolos gráficos ou de grafemas reunidos em palavras susceptíveis de exprimir uma e, por vezes, mais ideias, registados num suporte material (barro, papiro, tela, papel).

Surgida há mais de cinco mil anos, na Mesopotâmia, acredita-se que, por engenho dos Sumérios, usando pontas de madeira ou de osso em forma de cunha, sobre barro (escrita cuneiforme), a palavra escrita desenvolveu-se como uma outra via de comunicação que, embora de uso muitíssimo mais restrito, possibilitou ao Homem divulgar os seus conhecimentos muito para além do seu tempo e espaço geográfico. São múltiplos os factores envolvidos na criação deste passo importante na civilização, e um deles foi o surgimento das cidades, como exigência do progresso da economia e da sociedade.

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Na Idade Média, escrevia-se com penas, no geral, de ganso, cuja ponta de molhar no tinteiro era fendida. Esta modalidade de escrever durou séculos e daí que a palavra “pena” ainda hoje é usada como sinónima de “caneta”.

O uso de aparos metálicos, já tentado séculos atrás, só se generalizou no século XIX, invadindo escolas, escritórios e o mundo dos escritores. Foi também neste período que se concebeu uma caneta que guardasse a tinta num reservatório (inicialmente de borracha) no seu interior.

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Dispensando o uso do tinteiro, este novo invento podia andar no bolso do seu utilizador. A primeira patente deste tipo de caneta data de 1844, tem a assinatura do norte-americano Lewis Edson Waterman (1837-1901) e ficou conhecida como “caneta de tinta permanente”.

Nestas canetas, a abertura que dá passagem à tinta, do reservatório para o aparo, é suficientemente fina, permitindo que a pressão atmosférica, à superfície da Terra, impeça a sua saída. Porém, nas altitudes a que viajam os aviões, a diminuição da pressão atmosférica faz-se sentir nos não pressurizados, induzindo a saída da tinta para os bolsos e mãos de quem as transportasse consigo.

László József Bíró ou Laszlo Bureau nasceu em 29 de Setembro de 1899. É o inventor da caneta moderna. (sabdanews.net)
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O jornalista húngaro László József Bíró (1899-1985), inspirado num dispositivo patenteado em 1888, por John Jacob Loud (1844-1916), que permitia escrever usando a quantidade de tinta estritamente necessária, que secasse imediatamente, concebeu colocar uma pequena esfera na ponta do reservatório que, ao deslocar-se sobre o papel, isto é, ao escrever, rolava, trazendo para fora a tinta sem o destapar. Nascia, assim, a caneta esferográfica.

Esta nova patente foi vendida, em 1944, à empresa norte-americana Eversharp-Faber e ao industrial francês Marcel Bich, tendo sido este que a fabricou e lançou no mercado, em 1949, com a designação de “Bic”. Dez anos depois, as Bic entraram no mercado norte-americano e foi, a partir daí, que tiveram a explosão comercial à escala do planeta, que todos conhecemos.

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01/02/2024

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A. M. Galopim Carvalho

Professor universitário jubilado. É doutorado em Sedimentologia, pela Universidade de Paris; em Geologia, pela Universidade de Lisboa; e “honoris causa”, pela Universidade de Évora. Escritor e divulgador de Ciência.

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