É de se lhe tirar o chapéu

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Não sei se hei-de utilizar esta expressão na sua forma interrogativa se na afirmativa. Penso que ambas são utilizáveis, podendo ser, a segunda, como a resposta à primeira.

O rei Luís XIV, conhecido como Rei-Sol, foi um monarca francês cujo reinado de 72 anos foi o mais longo de toda a História da Europa. Talvez venha a ser ultrapassado pela rainha Elisabeth II, quem sabe?

A sua corte era faustosa e foi este o rei que, a partir do zero, mandou construir Versalhes. Também foi no seu reinado que foram escritos vários manuais de etiqueta, famosos pelos seus pormenores. Uma das normas inscritas nestes manuais era a forma mais ou menos ostensiva de se tirar o chapéu como saudação. Esta forma dependia do estatuto social do interlocutor. Por exemplo, um indivíduo comum era cumprimentado com um toque na aba do chapéu. Por sua vez, um fidalgo tirava o chapéu da cabeça e levantava-o. Porém, o rei, ao saudar, girava o chapéu no alto e levava-o quase a roçar o chão.
A corte francesa, nesse tempo, não só ditava a moda no trajar como nos preceitos da vida social das elites.

Unidos, Calvin Coolidge, numa saudação,
tirando o chapéu, em 1924. (Wikipédia)
Quando os preceitos chegaram à sociedade portuguesa nem sempre foram plenamente compreendidos. Uma das grandes dúvidas foi a de como se devia ou a quem se devia tirar o chapéu, no acto de cumprimentar. Seria a pessoa merecedora, segundo o estipulado na etiqueta, de se lhe tirar o chapéu? Era frequente a pergunta: “É de se lhe tirar o chapéu?”
Esta frase, com decorrer dos tempos, passou a ser mais uma expressão afirmativa que interrogativa. É utilizada como sinal de admiração, quer seja relativamente a um acto louvável praticado por alguém quer seja por algo extraordinário e merecedor da nossa homenagem.
21/07/2022