Numa “realidade” à parte
O que se segue está longe de esgotar o assunto. Eu sei, mas é um dos ângulos principais de como, pelo menos eu penso-o assim, se pode e urge analisar a questão. Faço, simplesmente, a partilha deste texto, de forma mais ou menos íntima. Acho que o “establishment”1 (no norte-americano é notório, mas é extensível ao europeu) persiste em estar numa “realidade” à parte ou numa “bolha”, como agora se diz, em que não consegue – não consegue mesmo! – percepcionar o mundo real.
A negação da sua rejeição, cada vez maior, pela maioria dos cidadãos que se sentem (com razão) excluídos do “direito à representatividade”, além da marginalização económica, é o que melhor “explica” a ascensão de populismos de extrema-direita. Ao vermos os programas da CNN contra Donald Trump, mais evidente fica que é isso mesmo o que o fortalece.
Como se combate? Antes de tudo, saindo do pedestal e tomando um banho de realidade. As pessoas estão zangadas, insisto. E insisto que têm muitas razões para isso. Escolhem errado, porque não só ninguém mais lhes dá voz, como são vítimas da falta de clarividência crítica… Que o é resultado das políticas “kulturais” desse mesmo “establishment”, a falar em circuito fechado.
As ‘elites’ consomem bens culturais de si e para si com questões “alternativas” (de si mesmas) e ao “povo” dão a “telenovela” mal feita e lamechas ou a CMTV a escorrer sangue dos noticiários. A paupérrima polémica sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (que é tudo menos sobre o Orçamento) é um mero exemplo.
Não, meus amigos, não sou eu que sou conivente com a extrema-direita. Objectivamente, é o “establishment” e a “esquerda alegre”, como seu apêndice. Agora, se, por pressão, me quiserem colocar “entre a espada e a parede”, que escolham a espada ou a parede. Eu, garantidamente, não escolho. Estou lúcido “demais” para isso: nem vou render-me ao “establishment”, nem ficar seduzido com o populismo de extrema-direita.
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Nota:
1 – Por “establishment” leia-se mesmo, neste contexto, as chamadas “democracias liberais”.
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Nota do Director:
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14/10/2024