Padre Martins Júnior (1938-2025): um homem livre na ilha sitiada

Padre José Martins Júnior (pt.wikipedia.org)
Morreu o padre Martins Júnior. Um cidadão livre e insubmisso. Tinha 86 anos. Esteve suspenso a divinis durante 42 anos, mas nunca deixou de ser o amado pároco do povo da Ribeira Seca, que nunca abandonou.
Entrevistei-o para o Jornal de Notícias, em 1990. O padre Martins era, então, presidente da Câmara Municipal de Machico, eleito pela União Democrática Popular (UDP). E dessa conversa com ele resultou uma peça assim titulada: “O medo é o maior partido da Madeira”.
Não admira: o padre Martins sempre combateu o “pensamento único” (PU) protagonizado por Alberto João Jardim, o soba que presidiu ao Governo Regional da Madeira entre 1978 e 2015.

O padre Martins era um homem erudito, que sempre ergueu a sua voz em defesa dos mais frágeis, pois era um cidadão profundamente empenhado na promoção da Justiça Social.
Voltei a abraçá-lo no dia 7 de Dezembro de 2024. Na portuense Unicepe (Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto) durante a apresentação do livro “O Canto do Melro”, escrito por Raquel Varela. Um livro sobre a vida do padre Martins, uma utopia concreta, como a historiadora escreveu na dedicatória que lhe solicitei.
Uma utopia concreta que fez da Ribeira Seca uma ilha de liberdade numa região sitiada…
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Nota da Redacção:
1 – Pode complementar a leitura do presente artigo de Soares Novais com a leitura de um outro seu artigo intitulado «”O Canto do Melro” conta a história do padre que combateu o medo: o maior partido da Madeira», publicado na edição de 12 de Dezembro de 2024.
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Nota do Director:
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19/06/2025