Resta-me o Teatro Aberto
Entrada principal do Teatro Aberto, em Lisboa. (pt.wikipedia.org)

Um dia comentaram com Luiz Francisco Rebello: “O Sr. Dr. não tem aparecido no teatro! Já não gosta?” Respondeu: “Não, não! Gosto muito, é por isso mesmo que não vou”. Foi no início deste século. Mais de 20 anos depois, passa-se o mesmo comigo.
O teatro português, quando não é um cadáver, é, em mais de 90% das vezes, um corpo agónico.
Os motivos são muitos. Do ritmo absurdo a que as escolas “vomitam” formados até à inexistência de público sequer para um centésimo deles, da ignorância à petulância, da esmagadora maioria dos formatados mais do que formados, da impreparação generalizada técnica à total falta de originalidade e de talento.

Passando pela dispersão de apoios em esmolas para fazer coisas com “dois trainhos” à promoção da mediocridade, de uma pseudo-intelectualidade de confrangedora vacuidade à boçalidade no teatro ligeiro, ser-me-ia muito doloroso ir ver aquilo em que que teria 97% de hipóteses de sair agoniado.
Vi muito bom teatro em Portugal e coisas geniais por essa Europa fora e não só. Prefiro ficar com a memória disso. Resta-me o Teatro Aberto (do João Lourenço), onde o risco é mínimo. O resto é de um risco elevadíssimo. Abrenúncio!
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04/12/2025