Um ano de massacre

Mulheres e crianças são a grande maioria dos mortos por Israel no massacre de 2023/24, na Faixa de Gaza. (Créditos fotográficos: Yasser Qudih / AFP – brasildefato.com.br)
Todos os dias, a mídia mundial publica os números. Massacres e massacres se sucedendo. As notícias aparecem como pequenas gotas, sem que se ofereça a visão do oceano. Há uma semana, a 7 de outubro, completou-se um ano, um ano inteiro de ataques de Israel contra o povo palestino. As ações mais violentas, selvagens e cruéis. Escolas bombardeadas, hospitais, pessoas em corredores humanitários, espaços de abrigo. Nenhum lugar é seguro. As bombas descem sem parar. Para os jornalistas da mídia comercial, Israel se defende. Uma versão invertida dos factos. Os malvados são os “terroristas”. E é por isso mesmo que os números de vítimas, que crescem dia após dia, não significam nada.

Uma região inteira foi destruída, cidades, memórias. Já são 50 mil mortos diretos, 17 mil são crianças. Isso sem contar os que vão morrendo depois, em consequência dos ferimentos, num número que quase chega a 200 mil. Um ano inteiro de bombas e de terror. Mas, ao que parece, esses números não tocam o coração de quase ninguém. Mergulhados na versão de Israel de que os Palestinos não são gente, as pessoas assistem ao bombardeio na tela do celular como se fosse apenas uma jogada de videogame. Já foi assim no Iraque, na Líbia, no Afeganistão. Os que tombavam, atingidos pelas bombas ou pelos tiros estadunidenses eram “apenas” Árabes, não-seres, terroristas.
Nas redes sociais, também prolifera a versão de Israel, porque é a que é disseminada pelos Estados Unidos da América e toda a sua corja de bocas-alugadas. Israel se defende, dizem. Árabes são terroristas desde criancinhas, insistem. E a massa informe engole, ávida, reproduzindo a exaustão o mantra do imperialismo.

No Brasil, vemos pessoas bramindo a bandeira de Israel como símbolo do cristianismo e da paz. Uma bizarrice abissal. Nessa gente, as imagens das crianças queimadas e destroçadas pelas bombas não provocam qualquer reação. São pequenos terroristas, têm o que merecem. Nem mesmo a morte de brasileiros no bombardeio do Líbano provocou comoção. Entre os jornalistas, tampouco se percebe olhos lacrimejantes, como vimos durante meses durante a cobertura da guerra na Ucrânia. Ali, eram “pessoas boas” morrendo.
É incrível que tenha passado um ano. Um ano inteiro de bombas, de massacres, de terror. E os governantes do Mundo – salvo poucas exceções – se mantêm impávidos, apoiando as ações de Israel, esperando a completa desaparição do povo palestino. Mesmo Lula da Silva, que faz discursos contra o genocídio enquanto segue negociando com Israel e não rompe relações políticas. Ora, que discursos contra são esses? Palavras ao vento.

A Palestina foi invadida, em 1948, a partir da criação artificial de outro estado promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Não era uma terra sem gente. Milhares de famílias foram expulsas de suas casas. E depois disso, outras tantas foram sendo dizimadas ou banidas de seus lares enquanto Israel ia tomando o território. Terras roubadas, muros erguidos, ódios construídos. Então, se alguém está se defendendo nessa história, não é Israel. Israel é o agressor. Nenhum discurso bonito pode mudar isso. A informação está aí. Ninguém pode dizer que não sabe.

Passou-se um ano. E praticamente o Mundo todo é cúmplice.
Eu, que não creio em justiça divina, espero que ela chegue pela mão do povo palestino, que haverá de resistir. A Palestina não ataca Israel. Ela resiste. Ela responde ao terror. Ela luta.
Que viva o povo palestino!
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Nota do Director:
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14/10/2024