
…………………
.
A noite das facas longas
Abre o bilhete, dobrado em quatro, que ele lhe deixara sobre a mesa do café. Lê, dissimuladamente:
Espero-a esta noite. A porta da rua fica encostada. Seja cuidadosa, que ninguém a veja entrar. Eu próprio tratarei da ceia, receita da minha falecida avó: mortadela, chouriço de sangue, cabeça de alho esmagada, batata a murro. E sangria. À luz das velas.
Volta a dobrar o bilhete em quatro. Com a ponta e mola, corta o papel aos bocadinhos, corta o papel aos bocadinhos, corta o papel aos bocadinhos, e decide arriscar.
.
In “lacrima”
18/05/2023