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O adeus

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Nos clássicos movimentos de um cumprimento, a mão do doutor Proença desprendeu-se. Acidente: que, no aperto de dona Josefa, não houve ardor.

Ao sentir coisa grudada aos dedos, num gesto de automática defesa, a senhora sacudiu. Projectada, a mão do doutor Proença caiu, enérgico desamparo, no empedrado.

Ganhando brusca consciência do caso, sem cuidar da mão, dona Josefa desfez-se em desculpas e perdões. Alheio, olhar na ausência, no coto, o doutor Proença aquietou:

– Deixe, minha senhora. Que havemos de fazer? É a vida.

De repente, desperta pelo magnânimo desprendimento, acirrada pela culpa (que não teve), dona Josefa apressa-se, calçada abaixo. Quando, ofegante, chega à margem, já a mão do doutor Proença, a vogar no rio, é um aceno.

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In “O caçador de luas”

28/09/2023

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Augusto Baptista

Natural de Oliveira de Azeméis, jornalista, cruza escritas: texto, fotografia, desenho. Tem livros publicados e realizou exposições (fotografia, desenho). Da direcção da Cena Lusófona e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

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