Querido João Paulo Coutinho,

Aqui estou eu a mandar-te um postal virtual. Sabes que prefiro os postais físicos. Aqueles em papel de aguarela, prontos a receber os rótulos de vinhos bebidos com os amigos e as pinceladas que sobre eles depois faço para sublinhar onde, quando e com quem os bebi. Prefiro os postais físicos mas este tem de ser virtual.

Escrevo-te para te dizer que utilizei para foto de perfil do meu espaço do Feicebuque a fotografia que me tiraste na Associação dos Jornalistas quando, há dias, eu e o Aurelino Costa ali fomos ler poemas do Egito Gonçalves na apresentação da mais recente edição da Gazeta Literária.

Fico sempre beneficiado nas tuas fotos mas desta vez, aquele instantâneo onde estou a rir com a máscara cirúrgica anti-Covid a meia haste e pendurada na minha orelha direita supera tudo. Imagina que já recebi mais de cem “gostos”, o que para mim é um recorde..

Até escrevi no Feicebuque um pequeno texto a lembrar alguns “bonecos” recebidos de alguns companheiros desta aventura dos jornais. O saudoso João Ribeiro ofereceu-me uma fotografia onde estou a entrevistar Álvaro Cunhal e o Formidável, de seu nome Fernando Marques, um instantâneo meu a empurrar o meu carro, em Coimbra, sem gasolina. O Formidável apanhou-me, de noite, na Rua da Sofia, a empurrar o meu R5C até à Auto-Industrial, fotografou-me e depois deu-me uma ajuda nessa tarefa de levar o carro até ao posto de abastecimento de combustível. Oferecer-me-ia a fotografia, em papel, uns dias mais tarde. Cada fotografia destas é uma história meia contada ou por contar. Há fotografias assim.

E há fotografias que são peças únicas. Como a que escolhi para este postal. É também uma fotografia tua, uma belíssima fotografia tua impressa num tamanho médio e em papel de qualidade superior. O que a torna cópia única é a legenda manuscrita – só pode haver uma cópia daquela fotografia com aquele meu poema manuscrito. Foi, como te lembras, uma iniciativa da nossa Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto para angariar fundos no Natal de 2016. Como a dos manequins que foram depois trabalhados por artistas plásticos amigos. Estes com mais potencialidades do que as nossas fotografias legendadas, mas adiante – eu só queria agradecer-te a minha mais recente foto de perfil do Feicebuque e lembrar a cumplicidade que pode haver entre companheiros das aventuras dos jornais.

Aquele abraço,

Júlio Roldão

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Júlio Roldão

É jornalista desde 1977. Nasceu no Porto, em 1953, e estudou em Coimbra, onde passou, nos anos 70, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e pelo Círculo de Artes Plásticas (CAPC), tendo, em 1984, regressado ao Porto, onde vive.

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