O problema “córnio”

 O problema “córnio”

Os Paços do Concelho do Porto são o edifício-sede do Município do Porto, cuja construção teve início em 1920. (visitar-porto.com)

O mandatário da lista do Partido Socialista (PS) à Câmara Municipal do Porto é o mesmo do candidato da lista da Aliança Democrática (AD)+Iniciativa Liberal (IL) à Câmara Municipal de Lisboa. Isto é que são convicções! Do apoiante e dos apoiados. Além da extraordinária capacidade de ubiquidade geopolítica, resta-nos tentar perceber porque é um empresário de sucesso, dito unicórnio, quando parece óbvio que é mesmo bicórnio: marra para o lado de onde possam vir vitórias.

Os Paços do Concelho de Lisboa é o edifício, situado na Praça do Município, em Santa Maria Maior, que alberga a Câmara Municipal de Lisboa. (lisboa.pt)

E se se enganar? Não faz mal: os vencedores tudo farão para lhe reconhecer o mérito independente e ajudar o tricórnio. Afinal, se for o PS em Lisboa, ficou o registo de que apoiou o PS no Porto. Se for o Partido Social Democrata (PSD) no Porto, fica o registo de que apoiou a lista da coligação com o PSD em Lisboa. Se tiver acertado num lado e noutro, é como quem joga par e ímpar na roleta e faz um pleno no zero! Se se enganar nos dois tabuleiros, pode sempre invocar que é tão independente, tão independente que até apoiou listas diferentes no Porto e em Lisboa. Assim se sobe na vida e se desce até à desfaçatez.

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Nota do Director:

O jornal sinalAberto, embora assuma a responsabilidade de emitir opinião própria, de acordo com o respectivo Estatuto Editorial, ao pretender também assegurar a possibilidade de expressão e o confronto de diversas correntes de opinião, declina qualquer responsabilidade editorial pelo conteúdo dos seus artigos de autor.

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11/09/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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