As agendas mediáticas

 As agendas mediáticas

(Pixabay)

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O permanente e difícil combate à iliteracia mediática, à manipulação jornalística e à desinformação é uma tarefa que visa contribuir para uma sociedade mais livre, informada e democrática e para credibilizar a Imprensa, muito prejudicada por poderosos meios de comunicação que exercem, ilicitamente, uma actividade que pretende passar por jornalismo.

O exercício ilícito do jornalismo é uma potencial pandemia tão difícil de erradicar quão difícil é identificar tal exercício, muitas vezes, disfarçado de bom jornalismo e ou, por exemplo, de uma espécie de iniciativa cidadã exibida como consequência inevitável do progresso que as novas tecnologias da informação proporcionam.

A facilidade com que, hoje, é possível distribuir textos escritos, imagens e sons (estes dois últimos até em tempo real) favorece esta explosão comunicacional que nos envolve em permanência e favorece, até, o aparecimento de informação não jornalística apresentada como jornalística.

O jornalismo é uma actividade que difunde novidades verdadeiras de interesse colectivo para a comunidade a que se destina, sob várias formas jornalísticas de que a notícia, a reportagem e as entrevistas serão as mais evidentes. No desenho desta complexa profissão, um dos elementos diferenciadores-chave reside no interesse colectivo.

A mentira não é o único problema que pode contaminar o jornalismo. O interesse particular, por oposição ao colectivo, é um aspecto também fundamental nesta matéria tão problemática. É o interesse colectivo da informação que deve determinar a respectiva entrada na agenda mediática. Este é, aliás, um dos pontos que justifica que o exercício do jornalismo seja tão escrutinado.

Créditos: Gerd Altmann (Pixabay)

Não é por acaso que muitas informações comerciais tentam fazer-se passar, tanto quanto a legislação o permita, por informações jornalísticas. As informações comerciais são legítimas, mas são essencialmente informações que interessam a quem as promove e não a um universo colectivo – como, por exemplo, o público de uma publicação jornalística.

Na clara e rigorosa separação entre o que é propaganda (comercial e não só) e o que é jornalismo, está o limite do poder de quem, realmente, tenha a capacidade de determinar o que entra ou não entra nas chamadas agendas mediáticas.

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(*) Artigo no âmbito do programa “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.

06/06/2022

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Júlio Roldão

É jornalista desde 1977. Nasceu no Porto, em 1953, e estudou em Coimbra, onde passou, nos anos 70, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e pelo Círculo de Artes Plásticas (CAPC), tendo, em 1984, regressado ao Porto, onde vive.

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