As sondas Voyager: explorando os limites do sistema solar

 As sondas Voyager: explorando os limites do sistema solar

Fotografia da NASA de uma das duas sondas espaciais Voyager idênticas, Voyager 1 e Voyager 2, lançadas em 1977. (pt.wikipedia.org)

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As sondas Voyager são algumas das missões espaciais mais icónicas e bem-sucedidas da história da exploração espacial. Lançadas pela norte-americana NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) em 1977, essas sondas têm como objectivo explorar os confins do Sistema Solar e além dele. À medida que essas sondas viajam pelo espaço profundo, elas continuam a transmitir informações valiosas sobre o espaço interestelar e sobre as fronteiras finais do nosso sistema planetário1.

As sondas Voyager, nomeadas como Voyager 1 e Voyager 2, foram lançadas com algumas finalidades principais: estudar os planetas exteriores do Sistema Solar e, posteriormente, viajar para o espaço interestelar. Os seus destinos iniciais eram Júpiter e Saturno. Ambas as sondas atingiram esses objectivos com sucesso, proporcionando uma visão sem precedentes desses gigantes gasosos e das suas luas.

A Grande Mancha Vermelha, uma tempestade anticiclónica maior do que a Terra vista da Voyager 1. (pt.wikipedia.org)

Lançada em 5 de Setembro de 1977, a Voyager 1 fez a sua abordagem a Júpiter em Março de 1979, seguida por uma passagem por Saturno, em Novembro de 1980. Ela continuou a sua jornada e, em 2012, tornou-se a primeira nave espacial a entrar no espaço interestelar, onde ainda está activa2, enviando dados sobre o ambiente interestelar.

Lançada em 20 de Agosto de 1977, a Voyager 2 visitou Júpiter em Julho de 1979, Saturno em Agosto de 1981, Urano em Janeiro de 1986 e Neptuno em Agosto de 1989. A Voyager 2 também já alcançou o espaço interestelar.

Em Outubro de 2018, a sonda Voyager 2 começou a notar um aumento gradual e substancial dos raios cósmicos vindos do exterior do Sistema Solar. Isso denota a entrada numa nova zona. (Créditos de imagem: NASA / JPL-Caltech – astropt.org)

As sondas Voyager revolucionaram a nossa compreensão do Sistema Solar. As suas descobertas incluem:

  • Detalhes sobre os planetas exteriores – As sondas forneceram imagens detalhadas e informações sobre as atmosferas, anéis e luas de Júpiter, de Saturno, de Urano e de Neptuno. Por exemplo, a Voyager 2 descobriu o sistema de anéis em Urano e a presença de vulcões activos em Tritão, uma lua de Neptuno.
  • Gravidade assistida – As sondas usaram manobras de gravidade assistida para alcançar os seus destinos, economizando tempo e energia. Esse método permitiu que as Voyager visitassem vários planetas numa única missão.
  • Estudo do espaço interestelar – A Voyager 1 forneceu informações valiosas sobre o ambiente interestelar, como a densidade do meio interestelar, a intensidade do campo magnético e os níveis de radiação cósmica.
  • A imagem da família solar – Em 1990, a Voyager 1 captou uma imagem icónica conhecida como “Pálido Ponto Azul”, que mostrava a Terra como um pequeno ponto de luz no vasto espaço, destacando a fragilidade do nosso planeta.
O disco dourado a bordo da Voyager 1, com gravações de sons e
imagens de nossa civilização. (pt.wikipedia.org)

As sondas Voyager continuam a transmitir dados para a Terra, apesar de terem sido lançadas há mais de quatro décadas. Os seus instrumentos científicos continuam a funcionar e a fornecer informações valiosas sobre o espaço interestelar, permitindo aos cientistas estudar as condições além do Sistema Solar. As mensagens gravadas em discos dourados a bordo das sondas também carregam informações sobre a Terra e a Humanidade, caso, em algum dia, sejam encontradas por seres alienígenas.

Em resumo, as sondas Voyager são testemunhas da capacidade da Humanidade em explorar o espaço e em expandir o nosso conhecimento sobre o Universo. Elas são um lembrete duradouro da nossa curiosidade e determinação para desvendarmos os mistérios do Cosmos, mesmo quando viajamos para os confins do espaço interestelar.

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Notas da Redacção:

1 – O presente artigo de António Piedade pode ser complementado com a leitura de um outro seu artigo intitulado “Fronteiras”, publicado na edição de 25/08/2022.

2 – Segundo a Wikipédia, em 28 de Outubro de 2024 (ou seja, na passada segunda-feira), a sonda somou 47 anos, 1 mês e 23 dias em operação, recebendo comandos de rotina e transmitindo dados para a Terra. A mesma enciclopédia livre, regista que esta sonda foi a primeira a entrar no espaço interestelar, considerando informação oficialmente confirmada pela NASA, no dia 12 de Setembro de 2013.

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(*) Artigo no âmbito do programa “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.

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24/10/2024

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António Piedade

Bioquímico e comunicador de Ciência. Publicou centenas de artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de diversos livros de divulgação de Ciência, entre os quais se destacam “Íris Científica” (Mar da Palavra, 2005 – Plano Nacional de Leitura), ”Caminhos de Ciência”, com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011) e “Diálogos com Ciência” (Trinta Por Uma Linha, 2019 – Plano Nacional de Leitura), também prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, a exemplo do já muito popular “Ciência às Seis”, no Rómulo Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.

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