E se a minha tia Lucília for gagá?

 E se a minha tia Lucília for gagá?

(Créditos fotográficos: Joshua Hoehne – Unsplash)

Vivo aterrorizado com a ideia de que a minha tia Lucília tenha ficado gagá, e passo a explicar porquê.

A minha tia Lucília estará Gagá, do que passarei a fazer referência abreviada por LG. E accionou no seu telemóvel uma aplicação de gravação de conversas com finalidades lúdicas, de nome Multi Play, uma vez que outras diversões a incluem. Para facilitar referirei essa aplicação abreviadamente por MP. Também para se compreender melhor a restante crónica, devo dizer que um vício que ela tem é o de partilhar as gravações das conversas com a Natália Noronha, uma nossa, abrenúncio!, velha conhecida velha, muito linguaruda, que passa o dia na pastelaria a contar o que sabe e não sabe, truncando frases e descontextualizando-as para espalhar infâmias e conseguir ser ouvida. Má rês, até capaz de pagar a quem seja para obter audiência. E, antes de continuar, referirei a partilha das gravações no MP da LG com a tal senhora, como CNN, acrónimo para Conversa com Natália Noronha (destaco em letra maiúscula para facilitar a leitura e reduzir a sigla para poupar espaço nesta mesma crónica).  

(Créditos fotográficos: Marjan Blan – Unsplash)

Mas, então, o que me faz viver aterrorizado? É que ontem (dia seguinte ao jogo de Portugal com a Chéquia, no Europeu 2024) de manhã, a propósito do jogo Portugal-Chéquia, referi-me ao golo do Francisco Conceição no tempo derradeiro do desafio, no telefonema que fiz a LG. Ora esta, gravada pelo MP, caindo na CNN, bem pode arranjar maneira de me F… (não devo escrever o resto, porque detesto a aliteração de uma coisa boa transformada em coisa má). Eu disse: “E aquele miúdo? Sensacional quando a meteu lá dentro”, numa óbvia alusão à bola na baliza da Chéquia. Mas a frase, extraída da natureza da conversa e isolada do mais, se for repetida com a gravação do MP, feita por LG na CNN, bem me vai F…! Fica no ar a ideia de que sou pedófilo. O que, para além de manchar o meu bom nome, pode determinar a minha exclusão do emprego num colégio para crianças: ser Professor no Colégio Estrela, PCE, digamos, até porque não se pode confundir com Partido Comunista de Espanha, que Santiago Carrillo acabou de enterrar, ainda antes dele, partido, oficialmente morrer.

(Créditos fotográficos: Nuno Alberto – Unsplash)

Aliás, como um vizinho do prédio, a quem me referirei por AV, iniciais de Asqueroso Vizinho, me detesta e quer fazer o meu assassinato de carácter (direi AC), posso mesmo estar tramado. A CNN da LG impede a minha entrada como PCE, usando AC para gáudio do AV, ansioso por F…; e a minha opinião sobre a selecção de Portugal (digo OP, não é opinião pública, entenda-se, mas Opinião sobre Portugal, mais concretamente a selecção de futebol) transforma-se numa clara alusão a um acto de pedofilia com que me queiram caluniar. Ou seja: a LG ajuda a AV a procurar impedir a minha entrada como PCE, através da OP, com AC, com que obtém o que ele, AV, quer F…. CHEGA pra lá, LG!

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P.S.: Confuso? É natural, as CNN é nisto que resultam. E à LG, há muito, devia ter sido tirado o MP.

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Nota do Director:

O jornal sinalAberto, embora assuma a responsabilidade de emitir opinião própria, de acordo com o respectivo Estatuto Editorial, ao pretender também assegurar a possibilidade de expressão e o confronto de diversas correntes de opinião, declina qualquer responsabilidade editorial pelo conteúdo dos seus artigos de autor.

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20/06/2024

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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