“Lagar comTEMPO” reduzido a cinzas

 “Lagar comTEMPO” reduzido a cinzas

A Casa de Cultura de Albergaria-a-Velha foi destruída pelo fogo. (Foto retirada da página de Facebook de Victor Valente)

O que resta do Lagar comTEMPO. (Foto retirada
da página de Facebook de Victor Valente)

Agora, do Lagar comTEMPO só restam as paredes do edifício. O Lagar comTEMPO era a casa da AlbergAR-TE e da Companhia do Jogo – o grupo teatral profissional, criado e dirigido artisticamente por Victor Valente1. O fogo, também destruiu cenários, figurinos, instrumentos, material de som e de luz, a par de memórias e afectos.

Tudo aconteceu na madrugada de 16 de Setembro. O incêndio florestal que infernizou as vidas das gentes de Albergaria-a-Velha – e que ditou a morte de um trabalhador brasileiro2 – consumiu habitações, empresas e a Casa de Cultura fundada, em 1998, pelo actor e pela sua companheira, a artista plástica Tucha Martins (1963-2021), que faleceu vítima de covid-19.

O Lagar comTEMPO é útero quente de múltiplas actividades artísticas e cívicas. Impedir a morte da AlbergAR-TE e da Companhia do Jogo é um imperativo local e nacional. Exige-se que as autoridades municipais e governamentais o façam.

A destruição do espaço cultural e cívico de Albergaria-a-Velha não mereceu qualquer referência informativa e muito menos qualquer reportagem nos diversos canais televisivos. Lamentavelmente.

(google.com)

Notas:

Victor Valente (wikidobragens.fandom.com)

1 – Victor Valente (1950) é actor e encenador, performer, mágico, animador cultural, professor de Interpretação, Movimento e Drama, músico. Foi director artístico do Teatro Universitário do Porto (TUP) e fundou e dirigiu a companhia teatral Realejo, que se distinguiu como um dinâmico centro cultural da cidade “Invicta”. Antigos elementos do TUP e do grupo de acção cultural “A Feira” participaram activamente na fundação da companhia, em 1979. A cooperativa de produção de espectáculos portuguesa Realejo terminou a sua actividade em finais da década de 1980, vitimada pela  derrocada do edifício onde estava instalada a sua sede, na Rua dos Mercadores, em plena Ribeira.

Imagem de satélite mostra extensa nuvem de fumo sobre a região central de Portugal, em 16 de Setembro de 2024. (Créditos fotográficos: Nasa Worldview – g1.globo.com)

2 – Carlos Eduardo era natural da cidade pernambucana do Recife (no Brasil). Vivia em Portugal há cinco anos. Tinha 28 anos de idade e trabalhava numa empresa de gestão florestal em Albergaria-a-Velha. Foi engolido pelo fogo quando tentava recuperar equipamentos da entidade patronal. Numa área de risco, segundo o jornal Público. Era conhecido como Chantilly Papai e sonhava ser dançarino.

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23/09/2024

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Soares Novais

Porto (1954). Jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. “Diário de Notícias”, “Portugal Hoje”, “Record”, “Tal & Qual” e “Jornal de Notícias” (JN) são algumas das publicações onde exerceu o seu ofício [Fonte: “Quem é Quem no Jornalismo”, obra editada pelo Clube de Jornalistas, em 1992]. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi delegado sindical e dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) [no biénio de 1996/97, sendo a Direcção do SJ presidida por Diana Andringa], da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP) e membro do Conselho de Redacção do JN, do qual foi editor-adjunto do “Gabinete de Reportagem” e do “Desporto”. É autor do romance “Português Suave – Cuidado com cão” [1.ª edição “Euroedições”, em 1990; 2.ª edição “Arca das Letras”, em 2004], do livro de crónicas “O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana”, da peça de teatro “E Tudo o Espírito Santo Levou” e da obra para a infância “A Família da Gata Pintinhas”. É um dos autores portugueses com obra publicada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Actualmente, integra a Redacção do jornal digital “sinalAberto”.

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