Marte: o Planeta Vermelho

 Marte: o Planeta Vermelho

(Créditos fotográficos: Aynur Zakirov – Pixabay)

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O planeta Marte, o quarto planeta a partir do Sol, tem fascinado a Humanidade, há muitos séculos. Conhecido como o “Planeta Vermelho” devido à sua tonalidade característica, Marte é um mundo árido e desértico que guarda muitos mistérios.

Imagem em “true color” de Marte captada, em Fevereiro de 2007,
pelo instrumento OSIRIS da sonda espacial Rosetta, lançada pela Agência
Espacial Europeia. (pt.wikipedia.org)

A cor rubra de Marte

A cor avermelhada de Marte é resultante da presença de óxido de ferro na sua superfície, o mesmo composto que dá à ferrugem a sua tonalidade avermelhada. Ao longo de mil milhões de anos, a interacção da atmosfera marciana com as rochas ricas em ferro criou essa paisagem única e intrigante.

As estações marcianas

Assim como o planeta Terra, Marte possui estações do ano. No entanto, devido à inclinação do seu eixo e à maior distância do Sol, as estações marcianas são, significativamente, mais longas que as terrestres. As calotas polares do planeta Marte crescem e diminuem ao longo do ano marciano, com gelo de dióxido de carbono (gelo seco) sublimando durante os períodos mais quentes.

A Mars Global Surveyor (MGS) Mars Orbiter Camera (MOC) adquiriu esta
imagem da calota polar norte marciana no início do verão do norte. A
imagem foi adquirida em 13 de março de 1999, perto do início da fase de
mapeamento da missão MGS. As superfícies de tons claros são gelo de
água residual que permanece durante a temporada de verão. A faixa quase
circular de material escuro ao redor da calota consiste, principalmente, de
dunas de areia formadas e moldadas pelo vento. A calota polar norte tem,
aproximadamente, 1100 quilómetros de diâmetro. (pt.wikipedia.org)

A busca intensa por água

Uma das questões mais intrigantes sobre o planeta Marte é a possibilidade de existência de água no passado ou no presente. Evidências acumuladas por diversas missões espaciais sugerem que Marte já abrigou grandes quantidades de água líquida na sua superfície, formando rios, lagos e, possivelmente, até oceanos. Hoje, a maior parte da água no planeta Marte está presente em forma de gelo nas calotas polares e, talvez, em camadas subterrâneas. A descoberta de água no planeta Marte é crucial para entender a história do planeta e as suas possibilidades de abrigar vida.

Planícies vulcânicas (em vermelho) e bacias de impacto (em azul) dominam a topografia do planeta. (pt.wikipedia.org)

Por que Marte é tão fascinante?

Formações rochosas microscópicas indicam sinais antigos de água.
(Fotografia tirada pelo rover Opportunity – pt.wikipedia.org)

Semelhanças com o planeta Terra – A presença de estações do ano, de vulcões e de vales profundos sugere um passado geológico activo, similar ao do planeta Terra.

Potencial para vida – A descoberta de água e de compostos orgânicos aumenta a possibilidade de que o planeta Marte tenha abrigado vida microbiana no passado ou que ainda possa existir em ambientes subterrâneos.

Próximo destino da Humanidade – O planeta Marte é frequentemente citado como o próximo grande objectivo da exploração espacial humana, com diversas agências espaciais trabalhando em missões tripuladas para o Planeta Vermelho.

Linhas escuras que escorrem pelas encostas da cratera Hale são uma forte evidência de água em estado líquido na superfície marciana. (pt.wikipedia.org)

Algumas das principais missões para o planeta Marte

O planeta Marte ou Planeta Vermelho tem sido alvo de inúmeras missões espaciais ao longo das décadas passadas. A busca por entender a história, a geologia e o potencial para a vida neste planeta vizinho tem impulsionado diversas agências espaciais a enviarem sondas, orbitadores e rovers para explorar a sua superfície e a sua atmosfera.

Imagem de satélite de toda a superfície de Marte composta através de medições feitas pela Mars Global Surveyor e de observações realizadas pelas sondas espaciais Viking. (pt.wikipedia.org)
Sede da NASA, em Washington, DC. (pt.wikipedia.org)

Viking 1 e 2 (National Aeronautics and Space Administration   NASA, 1976) – As primeiras sondas a pousar em Marte realizaram testes experimentais para detectar sinais de vida e para analisar a composição do solo.

Pathfinder (NASA, 1997) – Essa missão marcou o retorno dos Estados Unidos da América a Marte, após um hiato de duas décadas. O rover Sojourner explorou a região de Ares Vallis.

Panorama da cratera Gusev, onde o Spirit analisou basaltos vulcânicos. (pt.wikipedia.org)

Spirit e Opportunity (NASA, 2004) – Esses dois rovers gémeos superaram, em muito, as suas expectativas de vida, explorando a superfície marciana durante anos e colhendo uma enorme quantidade de dados.

Fotografia panorâmica da cratera Victoria feita pela Opportunity, em 2006. (pt.wikipedia.org)

Curiosity (NASA, 2012) – Orover Curiosity, um verdadeiro laboratório móvel, continua a explorar a cratera Gale, procurando evidências de ambientes habitáveis no passado.

InSight (NASA, 2018) – Essa missão concentra-se no estudo do interior de Marte, utilizando um sismómetro para detectar “terramotos” marcianos e medir o fluxo de calor interno.

Perseverance (NASA, 2021) – O rover Perseverance, juntamente com o helicóptero Ingenuity, está a explorar a cratera Jezero, um antigo lago que pode conter sinais de vida microbiana.

O que descobriram as missões?

Evidências de água– As missões revelaram que o planeta Marte já teve água líquida na sua superfície, formando rios, lagos e, provavelmente, até oceanos.

Possível escoamento de água do solo de Marte. (pt.wikipedia.org)

Diversidade geológica – O planeta Marte possui uma grande variedade de características geológicas, incluindo vulcões, “cânions”, crateras de impacto e dunas de areia.

Atmosfera ténue – A atmosfera marciana é muito mais ténue do que a do planeta Terra e composta, principalmente, por dióxido de carbono.

O futuro da exploração do planeta Marte

As agências espaciais ao redor do Mundo têm planos ambiciosos para continuar a explorar Marte. As futuras missões podem incluir:

Missões tripuladas – A NASA e outras agências pretendem enviar astronautas para o planeta Marte nas próximas décadas.

Construção de habitats – A construção de bases habitáveis no planeta Marte é um objectivo de longo prazo, permitindo a exploração humana de forma mais sustentável.

Vista da cratera Korolev onde é visível uma espessa camada de gelo de cerca de 1,9 quilómetros. (Imagem tirada pelo Mars Express da ESA –  pt.wikipedia.org)

Utilização de recursos locais – A exploração de recursos naturais no planeta Marte, como água e minerais, será fundamental para estabelecer uma presença humana duradoura no planeta.

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(*) Artigo no âmbito do programa “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.

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25/11/2024

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António Piedade

Bioquímico e comunicador de Ciência. Publicou centenas de artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de diversos livros de divulgação de Ciência, entre os quais se destacam “Íris Científica” (Mar da Palavra, 2005 – Plano Nacional de Leitura), ”Caminhos de Ciência”, com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011) e “Diálogos com Ciência” (Trinta Por Uma Linha, 2019 – Plano Nacional de Leitura), também prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, a exemplo do já muito popular “Ciência às Seis”, no Rómulo Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.

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