“Mundo a arder” ameaça 305 milhões de pessoas
305 milhões! É este o número de pessoas que, em todo o Mundo, necessitarão de assistência humanitária em 2025. A estimativa foi avançada pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), durante o lançamento do Global Humanitarian Outlook (GHO) para o próximo ano.
“Num mundo a arder, os mais vulneráveis – crianças, mulheres, pessoas com deficiência e pobres – estão a pagar o preço mais elevado”, afirmou o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários e coordenador da Ajuda de Emergência, Tom Fletcher. “Precisamos de redefinir a relação do mundo com as pessoas mais necessitadas”, insistiu Fletcher.
“As vossas vozes e agência devem estar no centro da nossa resposta. Precisamos de um novo nível de solidariedade internacional para financiar plenamente estes apelos e de uma ação política ousada para defender o direito internacional”, enfatizou Tom Fletcher, que garantiu, contudo, que “a comunidade humanitária está pronta para dar resposta – ao sobrevivente cansado da guerra, à família deslocada, à criança faminta”. “Devemos defender e vencer novamente a discussão a favor da humanidade”, salientou.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários sublinha que “os conflitos armados estão a intensificar-se em frequência e brutalidade, forçando quase 123 milhões de pessoas a fugir das suas casas”. As catástrofes produzidas pelo clima estão “a devastar comunidades, a destruir os sistemas alimentares e a provocar deslocações em massa”.
Perante tão alarmantes ameaças, o Gabinete das Nações Unidas tem planos de resposta que visam unir mais de “1.500 parceiros humanitários para prestar assistência crítica a 190 milhões de pessoas”. Segundo o OCHA, “apesar da generosidade de longa data dos doadores, persistem insuficiências de financiamento”. Em Novembro último, apenas “43% do apelo de 50 mil milhões de dólares para este ano tinha sido assegurado”.
As consequências do subfinanciamento são graves. De acordo com a agência da ONU, em 2024 assistiu-se a uma redução de “80 por cento na assistência alimentar na Síria; cortes nos serviços de proteção no Myanmar; diminuição da ajuda à água e ao saneamento no Iémen, país exposto à cólera; e o aumento da fome no Chade”.
O cenário agrava-se ainda mais se se tiver em linha de conta que os conflitos armados contribuem para “a violação generalizada do direito humanitário internacional.” O ano prestes a findar é já aquele que mais mortos provocou entre os trabalhadores humanitários. Mais 280 do que em 2023. A grande maioria das vítimas são trabalhadores nacionais. Todavia, apesar dos cenários de catástrofe e guerra, as agências chegaram “a quase 116 milhões de pessoas em 2024, fornecendo alimentos, abrigo, cuidados de saúde, educação e serviços de proteção”.
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09/12/2024