“Mundo a arder” ameaça 305 milhões de pessoas

 “Mundo a arder” ameaça 305 milhões de pessoas

Deslocadas pela violência crescente, famílias no Haiti carregam os seus pertences enquanto fogem das suas casas em busca de segurança. (Créditos fotográficos: OMS/David Lorens – unocha.org)

305 milhões! É este o número de pessoas que, em todo o Mundo, necessitarão de assistência humanitária em 2025. A estimativa foi avançada pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), durante o lançamento do Global Humanitarian Outlook  (GHO) para o próximo ano.

“Num mundo a arder, os mais vulneráveis ​​– crianças, mulheres, pessoas com deficiência e pobres – estão a pagar o preço mais elevado”, afirmou o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários e coordenador da Ajuda de Emergência, Tom Fletcher. “Precisamos de redefinir a relação do mundo com as pessoas mais necessitadas”, insistiu Fletcher.

Tom Fletcher (unacov.uk)

“As vossas vozes e agência devem estar no centro da nossa resposta. Precisamos de um novo nível de solidariedade internacional para financiar plenamente estes apelos e de uma ação política ousada para defender o direito internacional”, enfatizou Tom Fletcher, que garantiu, contudo, que “a comunidade humanitária está pronta para dar resposta – ao sobrevivente cansado da guerra, à família deslocada, à criança faminta”. “Devemos defender e vencer novamente a discussão a favor da humanidade”, salientou.

O  Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários sublinha que “os conflitos armados estão a intensificar-se em frequência e brutalidade, forçando quase 123 milhões de pessoas a fugir das suas casas”. As catástrofes produzidas pelo clima estão “a devastar comunidades, a destruir os sistemas alimentares e a provocar deslocações em massa”.

Centenas de milhares de pessoas fugiram do conflito no Sudão e cruzaram para o Chade. Em 28 de Novembro de 2024, em um local informal, o Coordenador de Socorro de Emergência encontrou-se com famílias que perderam quase tudo. Elas lhe contaram sobre as suas experiências traumáticas e sobre sua luta para manter os seus filhos alimentados, vestidos, aprendendo e saudáveis. (Créditos fotográficos: OCHA/Matteo Minasi – unocha.org)

Perante tão alarmantes ameaças, o Gabinete das Nações Unidas tem planos de resposta que visam unir mais de “1.500 parceiros humanitários para prestar assistência crítica a 190 milhões de pessoas”. Segundo o OCHA, “apesar da generosidade de longa data dos doadores, persistem insuficiências de financiamento”. Em Novembro último, apenas “43% do apelo de 50 mil milhões de dólares para este ano tinha sido assegurado”.

As consequências do subfinanciamento são graves. De acordo com a agência da ONU, em 2024 assistiu-se a uma redução de “80 por cento na assistência alimentar na Síria; cortes nos serviços de proteção no Myanmar; diminuição da ajuda à água e ao saneamento no Iémen, país exposto à cólera; e o aumento da fome no Chade”.

O cenário agrava-se ainda mais se se tiver em linha de conta que os conflitos armados contribuem para “a violação generalizada do direito humanitário internacional.” O ano prestes a findar é já aquele que mais mortos provocou entre os trabalhadores humanitários. Mais 280 do que em 2023. A grande maioria das vítimas são trabalhadores nacionais.  Todavia, apesar dos cenários de catástrofe e guerra, as agências chegaram “a quase 116 milhões de pessoas em 2024, fornecendo alimentos, abrigo, cuidados de saúde, educação e serviços de proteção”.

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09/12/2024

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Soares Novais

Porto (1954). Jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. “Diário de Notícias”, “Portugal Hoje”, “Record”, “Tal & Qual” e “Jornal de Notícias” (JN) são algumas das publicações onde exerceu o seu ofício [Fonte: “Quem é Quem no Jornalismo”, obra editada pelo Clube de Jornalistas, em 1992]. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi delegado sindical e dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) [no biénio de 1996/97, sendo a Direcção do SJ presidida por Diana Andringa], da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP) e membro do Conselho de Redacção do JN, do qual foi editor-adjunto do “Gabinete de Reportagem” e do “Desporto”. É autor do romance “Português Suave – Cuidado com cão” [1.ª edição “Euroedições”, em 1990; 2.ª edição “Arca das Letras”, em 2004], do livro de crónicas “O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana”, da peça de teatro “E Tudo o Espírito Santo Levou” e da obra para a infância “A Família da Gata Pintinhas”. É um dos autores portugueses com obra publicada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Actualmente, integra a Redacção do jornal digital “sinalAberto”.

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