Que tem a palavra a ver com um Bentley?

 Que tem a palavra a ver com um Bentley?

(Imagem gerada por IA – firefly.adobe.com)

(lisboa.bentleymotors.com)

Trabalhei em publicidade, no início da década de 90, com a felicidade de ter chegado a ela no momento de compreensão (e necessidade) da palavra como elemento fulcral para a criação do próprio conceito, sendo nós, os copywritters, as aves raras bem pagas porque tudo, nos 20 anos anteriores, andara baseado naquela ideia de que uma imagem vale mais do que mil palavras (embora, para exprimir essa mesma ideia, tivesse de ser com palavras formuladas).

(autopronashville.com)

Os que hoje cultivam a escrita, o pensamento e a criatividade pela via da escrita preparem-se para esperar mais 10 anos e vão beneficiar da queda do modismo que pensa dispensá-los em nome da “webpublicidade”. Até porque, ao mais, acresce que virá o momento de ser imperioso reinventar o processo criativo-comunicacional, saturada a forma e o espaço da “webpublicidade”. Já não é para o meu tempo, mas tivesse eu o mesmo saber para acertar na chave do Euromilhões e, entre outras coisas, já tinha encomendado o meu Bentley.

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Nota do Director:

O jornal sinalAberto, embora assuma a responsabilidade de emitir opinião própria, de acordo com o respectivo Estatuto Editorial, ao pretender também assegurar a possibilidade de expressão e o confronto de diversas correntes de opinião, declina qualquer responsabilidade editorial pelo conteúdo dos seus artigos de autor.

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09/10/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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