Rugas do futuro

 Rugas do futuro

Álvaro Laborinho Lúcio. (observalinguaportuguesa.org)

Laborinho Lúcio não foi só um homem de imensa cultura e extrema afabilidade. Foi também o que se pode dizer “um homem bom”. Sem ingenuidade, antes por uma enorme sapiência humanista. Tenho pena de não ter podido privar de perto com ele. Cruzei-me, acidentalmente, com ele duas vezes. E vi-o em vários actos culturais, incluindo em três ou quatro encenações minhas.

(Créditos fotográficos: Benjamin Davies – Unsplash)

É uma geração de inigualáveis que se vai perdendo. Talvez Deus os tenha querido poupar ao mais reles a que ainda vamos (enquanto sociedade) baixar. Emergirão depois de cairmos no (inevitável) pesadelo. Serão faróis do futuro. Até as rugas assinalam, mais do que o tempo que passaram, aquele em que voltarão como referência.

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27/10/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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