Obrigado, “Anónimos de Abril” e RTP2!

“Anónimos de Abril” é um projecto de Rogério Charraz e José Fialho Gouveia, com participações de Júlio Resende, Joana Alegre e João Afonso. (agendalx.pt)
Há um canal, em sinal aberto, que nos protege da bestialidade que por aí grassa. É o “2” da RTP. Por isso, raras vezes vejo os canais generalistas. A não ser para ver um ou outro programa. Foi o caso de “Anónimos de Abril”, transmitido pela RTP1, na última sexta-feira.
O espectáculo, produzido por José Fialho Gouveia, que também investigou a vida dos “anónimos” retratados, testemunha a luta, sofrimento e resistência de um punhado de gente boa que o dia mais lindo resgatou à clandestinidade e libertou das prisões do Estado Novo.

A partir dessa investigação, José Fialho Gouveia escreveu as letras das canções que Rogério Charraz musicou e interpretou, na boa companhia de Joana Alegre e de João Afonso. Foram quase duas horas de um espectáculo intenso e recheado de História e de histórias, que culminou com “Grândola, Vila Morena”; e vozes ao alto em defesa do “25 de Abril” e da Liberdade.

Feita a recomendação, regresso à RTP2. À sua boa programação, que inclui séries documentais, de ficção, cinema de qualidade, nacional e internacional, com especial destaque para “Tudo menos Hollywood”, que, neste mês de Abril, é inteiramente dedicado ao cinema italiano. O ciclo começou com a exibição de “Malèna”, de Giuseppe Tornatore, com música do incontornável maestro Ennio Morricone, tendo como protagonista Monica Bellucci.
Em termos informativos, o seu “Jornal 2”, apresentado por Sandra Sousa, Vânia Pereira Correia e Hugo Gilberto, é um bom exemplo de informação produzida com rigor e com especial atenção à Cultura, à Inovação e à Ciência. Sempre a partir das 21h30. E em, apenas, 30 minutos. Tempo suficiente para ficarmos a par do que se passou no País e no Mundo, nesse dia.
O “Jornal 2” livra-nos, pois, dos blocos exibidos por outros canais que são cada vez mais máquinas engajadas ao poder político e ao poder económico; ou meras máquinas de exploração da miséria social e do sofrimento alheio, em sessões de entretenimento contínuo para “gentalha” sedenta de sangue…
A RTP2 é, por estas e outras boas razões, um canal televisivo que devemos apreciar e consumir. Pois, dá-nos mundo e ensina-nos a apreciar a gente e o país que somos. Um exemplo: “Visita Guiada”, de Paula Moura Pinheiro. O programa da jornalista fez, em Março, dez anos e, com ele, descobrimos centenas de locais para visitar, museus e igrejas para contemplar, recantos para descobrir. Recordo que o programa é exibido às segundas-feiras.
Hoje, a partir das 22h46, a sua autora e apresentadora convida-nos para uma visita guiada ao Conservatório de Aveiro. Até lá, pode rever o último episódio da nova temporada e dará o seu tempo por muito bem entregue.
Sim, a RTP2, é culta e adulta. E, por assim ser, ajuda-nos a resistir a este tempo de retrocesso de conquistas democráticas nacionais e de rompimento de equilíbrios internacionais.
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15/04/2024