Vénus: o planeta do mistério e do extremo

 Vénus: o planeta do mistério e do extremo

Planeta Vénus. (realizeeducacao.com.br)

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Vénus, o segundo planeta mais próximo do Sol, é um mundo fascinante e, ao mesmo tempo, extremamente hostil. Apesar de ser o objecto natural mais brilhante no céu, depois do Sol e da Lua, e de ter sido observado desde a Antiguidade, Vénus guarda muitos mistérios que ainda desafiam os cientistas.

Vénus, a partir da Mariner 10. (pt.wikipedia.org)

Um inferno quente e azedo

A superfície de Vénus é um verdadeiro Inferno. Coberta por nuvens densas e amarelas de ácido sulfúrico, a temperatura média na sua superfície supera os 460°C, está quente o suficiente para derreter chumbo. A pressão atmosférica é 90 vezes maior do que a da Terra, constituindo o equivalente a estar a um quilómetro de profundidade no oceano terrestre.

A atmosfera venusiana é composta, principalmente, de dióxido de carbono, o que provoca um efeito de estufa descontrolado, aprisionando o calor e tornando o planeta incrivelmente quente. Além disso, a rotação de Vénus é extremamente lenta e retrógrada, ou seja, gira no sentido oposto à maioria dos planetas.

Acredita-se que o “coração” ou núcleo de Vénus seja feito de ferro fundido. (humanidades.com/br)

Um passado misterioso

Acredita-se que Vénus tenha tido um passado mais ameno, com oceanos de água líquida e uma atmosfera mais fina. Todavia, algum evento catastrófico, possivelmente um intenso vulcanismo, desencadeou o efeito de estufa descontrolado que, hoje, apresenta.

A sonda espacial Magellan (dos Estados Unidos da América, em 1989), revelou-nos uma cor laranja bastante realista da superfície do planeta Vénus. (astronoo.com)

Exploração de Vénus

Devido às condições extremas da superfície, a exploração de Vénus é um desafio. No entanto, diversas sondas espaciais já foram enviadas para estudar o planeta, como as missões Venera, da ex-União Soviética, e Magellan (ou Magalhães) da agência espacial norte-americana NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço). Essas missões proporcionaram imagens da superfície e dados sobre a atmosfera, mas ainda há muito para ser descoberto.

Magalhães foi uma sonda espacial da NASA. (pt.wikipedia.org)

Por que estudar o planeta Vénus?

O estudo de Vénus é fundamental para entendermos a formação e a evolução dos planetas rochosos, como a Terra. Além disso, as condições extremas de Vénus podem servir como um modelo para analisar outros planetas com atmosferas densas e quentes, como os exoplanetas.

Concepção artística de um exoplaneta semelhante a Vénus (à esquerda), e de um exoplaneta semelhante à Terra (à direita), sobrepostos. (Créditos de imagem: NASA/JPL-Caltech/Ames – divulgacao.iastro.pt)

O futuro da exploração de Vénus

No futuro, novas missões espaciais estão a ser planeadas para explorar Vénus. Sondas mais resistentes ao calor e à pressão poderão descer à superfície venusiana e recolher amostras, enquanto orbitadores poderão mapear a superfície em alta resolução e estudar a atmosfera com mais detalhe.

Simulação da Akatsuki, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), nave que estuda as causas das disparidades entre o planeta Vénus e a Terra para fornecer respostas sobre a formação do nosso planeta e para ajudar a entender as mudanças climáticas. (redecomciencia.shorthandstories.com)

Em resumo, Vénus é um planeta cheio de contrastes. Embora seja o nosso vizinho cósmico mais próximo, ele é um mundo completamente diferente da Terra. Ao estudarmos Vénus, podemos desvendar os mistérios da formação planetária e aprendermos mais sobre o nosso lugar no Universo.

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(*) Artigo no âmbito do programa “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.

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23/09/2024

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António Piedade

Bioquímico e comunicador de Ciência. Publicou centenas de artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de diversos livros de divulgação de Ciência, entre os quais se destacam “Íris Científica” (Mar da Palavra, 2005 – Plano Nacional de Leitura), ”Caminhos de Ciência”, com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011) e “Diálogos com Ciência” (Trinta Por Uma Linha, 2019 – Plano Nacional de Leitura), também prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, a exemplo do já muito popular “Ciência às Seis”, no Rómulo Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.

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