Tapar os olhos ao burro

 Tapar os olhos ao burro

Eça de Queirós e a sua mulher Emília. (DR – setemargens.com)

(DR – deepticlasses.com)

Soube hoje uma coisa e primeiramente pensei ser uma hipérbole. Mas não, é mesmo factual! Lembraram-se de traduzir (!!!!!!!!!!!!!!!) o Eça para o que chamam “Português simplificado” (eufemismo para “iliteracia”). Pensando tratar-se de um golpe comercial baixo, enganei-me. É mesmo para os alunos!

A partir daqui, o que se pode dizer? Eu tenho dito que me foi mais trabalhoso fazer o antigo 7.º ano dos liceus (final do ensino  secundário) do que o mestrado. Agora, julgo mais difícil ter feito o exame da quarta classe do que fazer o 12.º ano. Não estou a brincar, nem hiperbolizar. Um país assim nunca poderá produzir mais e melhor, nem sair da indigência mental, cidadã e económica.

Chocante, criminoso, bandalheira, estupidez, miserável: são adjectivos insuficientes para isto. Já não se trata de burrificar, mas de, depois da burrificação, tapar os olhos ao burro.

(editorakaleo.com)

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Nota do Director:

O jornal sinalAberto, embora assuma a responsabilidade de emitir opinião própria, de acordo com o respectivo Estatuto Editorial, ao pretender também assegurar a possibilidade de expressão e o confronto de diversas correntes de opinião, declina qualquer responsabilidade editorial pelo conteúdo dos seus artigos de autor.

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09/10/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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