Técnica e ética

 Técnica e ética

(PublicDomainPictures_Pixabay)

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“Quem?”, “O quê?”, “Quando?”, “Onde?” e “Como?” são questões que continuam a constituir uma fórmula importante para conferir uma notícia. E não podemos descurar nenhum destes elementos básicos das notícias, em especial nestes tempos de desinformação.

Regresso a estas noções básicas do jornalismo relendo o “Manual de Jornalismo”, de Ricardo Cardet, que a Organização Internacional de Jornalistas publicou em Castelhano e que o jornalista Armando Pereira da Silva traduziu para Português.

(Direitos reservados)

Esta versão em língua portuguesa é um dos meus primeiros livros sobre jornalismo e foi por mim adquirida em Junho de 1977, mês em que foi editada pela Caminho e ano em que iniciei a minha actividade de jornalista profissional.

Acresce ser uma versão traduzida e prefaciada por Armando Pereira da Silva (1940-2022), jornalista português de referência que recentemente nos deixou, legando obra escrita no jornalismo e na literatura.

O tradutor para Português cita, no prefácio ao manual que agora recupero, uma frase de Cardet que merece ser também aqui sublinhada: “O erro mais grave em jornalismo é dar notícias com dados inexactos, porque uma informação errada é mentira pública.”

A batalha pela verdade na informação passa pela técnica e pela ética jornalísticas, pilares seguros para suportar a recusa à divulgação de informações equívocas ou que se baseiem em dados não rigorosamente confirmados.

Créditos: Gerd Altmann (Pixabay)

Claro que é preciso saber bem o que é uma notícia (“um facto actual com interesse geral”, na definição sintética de Cardet) e aceitar que toda e qualquer informação que não tenha actualidade ou não tenha interesse geral deixa de poder ser apresentada como notícia.

É interessante ler neste manual algumas considerações que mantêm grande actualidade meio século depois de terem sido apresentadas – não há qualquer verdade no conceito, classificado de execrável, de “vender papel a qualquer preço”; ou seja, na solução da especulação e no sensacionalismo informativos.

Quem diz vender papel diz vender “gostos” ou “cliques” ou garantir audiências televisivas ou radiofónicas, números essenciais para a captação de publicidade, uma das eternas condicionantes da própria Imprensa. Dúvidas e certezas que devem ser permanentemente equacionadas na hora de defender a verdade na informação.

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(*) Artigo no âmbito do programa “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.

27/06/2022

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Júlio Roldão

É jornalista desde 1977. Nasceu no Porto, em 1953, e estudou em Coimbra, onde passou, nos anos 70, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e pelo Círculo de Artes Plásticas (CAPC), tendo, em 1984, regressado ao Porto, onde vive.

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