Tremeu

 Tremeu

No dia 26 de agosto de 2024, pelas 05h11 (hora local), ocorreu um sismo de magnitude local M5,3 (escala de Richter), com epicentro a cerca 60 quilómetros a Oeste de Sines (Setúbal) e a 25 quilómetros de profundidade. (abertoatedemadrugada.com)

Segunda-feira, dia 26 de agosto de 2024. Eram 5h11 da manhã, uma hora antes do horário de levantar da cama, início da semana. De repente, acordámos no susto: tudo tremia! A cama, os nossos corpos, as paredes, as madeiras da casa. Tudo chacoalhava. O som era igual ao de filmes quando um terremoto está acontecendo. E, sim, era um sismo. O tempo, de segundos, coincidiu com o tempo de tentarmos acordar e de entender a situação. Ou, pelo menos, de tentar perceber.

Nasci no Sul do Brasil, no meio de uma placa tectónica. Nunca havia sentido nenhum tremor de terra a não ser quando um caminhão passava pela rua. E nem imaginava que descobriria o que é viver um abalo sísmico, em agosto de 2024.

Lisboa (Créditos fotográficos: Laura – Pixabay)

Essa experiência foi a abertura do que, hoje, está em alta dizer: gatilhos. Além, claro, do importante conselho dado por muitos internautas para não dormirmos sem roupa, porque nunca se sabe quando acontecerá de ter de sair para a rua depois de um terremoto.

Primeiro gatilho: apesar de, por pura curiosidade, quando adolescente, ter pesquisado sobre o que fazer em situações de tremores de terra, a preparação não serviu de nada. Enquanto, naqueles poucos segundos, eu chacoalhava, não me consegui mover da cama para realizar o “tal” procedimento adequado. Em suma, o gatilho consiste em constatar como estamos despreparados para situações imprevisíveis como essas.

(aterratreme.pt)

Segundo gatilho: descobri que, em regiões de sismos, o ideal é, sempre, termos uma mala de emergência com cópias de documentos importantes, mudas de roupa, remédios, kit de primeiros socorros, enlatados… Ou seja, a meio da sonolenta experiência sísmica, tentei organizar uma mochila, que ficou pela metade, porque desisti de encontrar tudo o que precisava às 05h30 da manhã. Assim, o segundo gatilho é verificar que a falta de organização é inimiga do sono.

(aterratreme.pt)

Provavelmente, para a população portuguesa, conviver com a possibilidade de sismos, desde sempre, é muito comum, sendo oferecidos treinos nas próprias escolas. A verdade é que, sobretudo, para a parcela da comunidade brasileira que vive em Portugal, isso foi uma grande novidade. É algo para que não estamos “programados” a ter de lidar no nosso quotidiano, ao termos nascido e/ou vivido boa parte da nossa vida no Brasil.

Do mal, o menos: houve o sismo, mas ninguém se machucou e eu posso dar check em mais essa experiência de vida. Entretanto, agradeço se não precisar de repeti-la.

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09/09/2024

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Tainara Machado

Tainara Fernandes Machado nasceu em Porto Alegre, no Sul do Brasil e, desde fevereiro de 2019, vive em Portugal. Socióloga e educadora é, igualmente, ativista feminista e assumida anticapitalista e pelo combate à precariedade laboral e da vida. Colabora na associação A Coletiva (Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis) e no Coletivo Andorinha, e também como investigadora colaboradora do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto. As suas reflexões expressam os seus estudos, a ação ativista, a sua vida de (i)migrante e as travessias entre o Brasil e Portugal.

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